BOUTIQUE JURÍDICA OU ADVOCACIA FULL SERVICE, ONDE JAZ A DIFERENÇA?

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Uma das coisas que mais encantam no curso de Direito, é o verdadeiro leque de oportunidades que ele traz consigo. Dentro desse contexto é muito comum, mesmo pra aqueles que não querem fazer da advocacia a profissão de suas vidas, que tenham que ingressar na tão nobre profissão, mesmo que transitoriamente, a fim de adquirir a prática necessária para prestar concursos, ou agregar conhecimentos para lecionar e etc.

O que acontece é que a advocacia é tão apaixonante, que muitos destes que só queriam “passar” por aqui, acabam fazendo morada. Daí surge muitas questões como “em que área atuar”; “devo atuar somente com um ramo”; “monto escritório, abro sociedade”. E mais cedo ou mais tarde o jovem advogado vai se deparar com o termo Boutique Jurídica, e Advocacia Full Service. E agora, qual escolher dentre essas duas últimas? Antes por óbvio, é necessário conhecer muito bem as nuances de cada um. Vamos destrinchar um pouco melhor as diferenças entre esses dois.

Inicialmente a coisa mais importante a se saber é que independentemente de você escolher ser um advogado de Boutique, ou Full Service você vai ter que ralar muito, estudar muito, trabalhar muito ou trocando em miúdos “ralar que nem burro”. Explico, pra atuar em ambas as áreas você vai precisar ter um conhecimento muito grande.

Seguindo então temos que as principais características da Advocacia de Boutique são: estrutura enxuta, altíssimo grau de conhecimento técnico em determinada área, clientela selecionada, atendimento diferenciado e pelo menos um dos membros da banca deve ser Autoridade, ser conhecido como o “Resolvedor dos Pepinos”, que ninguém mais consegue. Em troca disso, cobram honorários vultuosos que poucos conseguem pagar.

A banca Full service, é aquela que presta serviços em vários ramos do Direito, são também as mais comuns hoje em dia. São aqueles escritórios famosos geralmente situados em prédios executivos de luxo, ou em mansões próximas ao centro da cidade. Tem um grande número de funcionários, um grande número de causas. Costumam atender um cliente empresarial por exemplo, em todas as suas demandas trabalhistas, fiscais, cíveis, etc e geralmente trabalham com honorários mais acessíveis.

Agora fazendo um comparativo, entre o conhecimento extremamente aprofundado de uma boutique, e o amplo conhecimento razoável de uma Full,  não há que se falar em uma ser melhor que a outra. Acontece que enquanto o Criminalista de Boutique (como pretende esse que vos fala) se dedicou 10 mil horas ao estudo do Direito Penal, o Advogado Full- Service dedicou essas mesmas 10 mil horas entre a seara Empresarial, tributária, direitos reais, direito de Família e etc. No fim um não se sobressai ao outro.

Pois, se de um lado o Expert pode dizer que é capaz de “absolver” qualquer cliente independente da acusação, o outro pode tocar qualquer processo. Enquanto o primeiro não saberia fazer uma defesa minimamente descente em um processo trabalhista por exemplo. Noutra feita do ponto de vista financeiro, enquanto um angaria um ou outro processo com honorários altos o outro consegue dez, mesmo que cobrando menos, e atua com maestria em todos.

Se alguém resolver dizer que o Especialista vai trabalhar bem menos e ganhar bem mais, estará, também, equivocado, porque geralmente as grandes bancas possuem vários associados e um grande número de empregados, enquanto na Boutique a fim de manter um padrão ““melhor”” poucas coisas podem ser delegadas aos empregados.

O atendimento com alto Grau de conhecimento Técnico é obrigação de ambos, o atendimento especializado também. E não podemos esquecer que poderá haver uma boutique composta por 3 sócios, sendo um Criminalista, um Civilista, e um Trabalhista, ou seja atendendo em vários ramos, contudo sem perder sua essência.

Há essa altura se alguém quiser uma opinião mais renomada sobre o assunto, a escritora Lara Selem, diz que os pequenos escritórios, com um grupo seleto, atuando em somente uma área, estão fadados à extinção. Logo, ampliar seus conhecimentos e atuar como profissional multidisciplinar é pré-requisito necessário para quem quer atravessar a atual fase da seleção natural da advocacia. Os Doutrinadores como Luiz Dellore e Fernanda Tartuce não são tão extremos, mas também são correligionários da ideia da multidisciplinariedade.

Na outra face da moeda, o renomadíssimo Criminalista Evinis Tallon, ou a imortal Civilista Maria Helena Diniz são adeptos da especialização cada vez mais aprofundada, mesmo que em detrimento do conhecimento de outras áreas.

De tudo pensamos que não há que se falar em um modelo de Advocacia mais rentável ou mais glamorosa, é tudo uma questão de escolha sobre qual tipo de vida profissional você quer ter. Se a sua opção é por aquela visão mais romântica da advocacia, em um requintado, porém pequeno escritório, atendendo apenas causas que lhe proporcionem alguma satisfação, em determinado ramo e com alto grau de especialidade com certeza seu lugar é na advocacia de Boutique.

Agora se você é do tipo mais empreendedor, que tem um enorme talento para gerir pessoas, negociar, administrar um negócio, gosta do trabalho em equipe e pretende atuar em várias áres, evidentemente uma grande banca Full-Service lhe fará realizado.

Devemos, contudo lembrar que se intitular como um ou outro pode soar como um pouco presunçoso ou pior. O que devemos fazer é escolher onde nos posicionar e trabalhar duro, para que o mercado reconheça o qual bom você é como profissional.

Sintetizando tudo o que eu disse até aqui, pra finalizar, não existe um modelo melhor que o outro, cada um atende suas particularidades, o mercado, sobretudo precisa dos dois. Então para ter sucesso, e isso independe de sua escolha, terá que trabalhar muito, estudar muito, e com o tempo, alguns levarão mais, outros menos, o mercado o reconhecerá da maneira que você merecer.

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